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Escola de Teologia Ortodoxa
São João de Saint-Denis

A verdadeira atitude da teologia é empenhar-se na ciência, colocar-se ao serviço da ciência. Não dirigir a ciência, o que seria um regresso à fórmula medieval segundo a qual a filosofia - e portanto a ciência - é a serva da teologia. Ora, esta fórmula, "filosofia ao serviço da teologia", é radicalmente herética. Então qual deve ser a atitude da teologia em relação à ciência? É colocar-se a serviço da ciência. Deus se envolve no tecido de nossas vidas, tudo o que é superior deve se envolver com o inferior e se tornar um dos servos. E a verdadeira atitude de um teólogo, a partir de uma revelação, de uma iniciação ou de um ensinamento da Igreja, quando entra em qualquer ramo da civilização dos homens, deve ser, antes de tudo, colocar-se a serviço. 

São João de Saint-Denis. Le Verbe incarné. Cours de dogmatique de l'année 1957-58. Chapitre 6: Théologie et Science.

Longe de ser uma instituição educacional formal, nossa Escola de Teologia Ortodoxa São João de Saint-Denis, tem a missão de promover, dentro da Fraternidade Ortodoxa São Nicolau, para a Igreja Ortodoxa da Gália, uma educação de acordo com a fé ortodoxa e os princípios consagrados no "Manifesto para a restauração da Igreja da Gália”. Neste contexto, visa também a formação dos vocacionados à vida consagrada e às Sagradas Ordens para a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica em nossa Fraternidade, sob a jurisdição e a proteção espiritual do Exarcado da Igreja Ortodoxa da Gália para o Brasil. 

Não se constitui de um curso livre, nem mesmo teológico, mas espiritual, religioso (no sentido etimológico da palavra religare) e pastoral, ou seja, forma pessoas que buscam aprofundar e vivenciar as verdades da fé, e também para conduzirem, guiarem e acompanharem outras no caminho da Salvação. Na realidade, este caminho é trilhado em conjunto, em comunidade, por isso todas as pessoas que se sentem chamadas - vocacionadas - à uma vida de fé: leiga, consagrada e clerical, estão inseridas em uma comunidade viva, atuante, contemplativa e ativa. 

Ninguém torna-se cristão, seja leigo, religioso, diácono ou presbítero, para si, mas para servir à comunidade, ao próximo e para a edificação da Igreja de Cristo (1 Cor. 14,12). Os dons são para o serviço ao outro e à comunidade.

Nesse sentido, as pessoas que passam a congregar em nossa Fraternidade e demonstram interesse em conhecer melhor as bases da fé cristã ortodoxa, ou mesmo à dedicar-se de forma mais estrita à Igreja, passam por um acompanhamento visando contribuir para seu discernimento. Esse processo ocorre ao longo da convivência na comunidade, na participação das atividades religiosas, formativas e caritativas, bem como por meio de conversas, diálogos e estudos dirigidos que visam burilar sua vocação. 

Na formação teológica dos fiéis e clérigos, como em outras áreas, a Fraternidade Ortodoxa São Nicolau - Exarcado da Igreja Ortodoxa da Gália para o Brasil, trabalha para restaurar a primeira Tradição. Mas a mensagem de Cristo, assim como a dos apóstolos e de toda a Igreja primitiva, está nos antípodas de um ensino e discurso meramente acadêmico. 

Como disse o Padre Alexandre Schmemann (1921-1983): “Os primeiros cristãos não traziam nenhum programa, nenhuma teoria, mas por onde passavam a semente do Reino germinava, a fé começava a arder, a vida se transfigurava, o impossível tornava-se possível, porque todo o seu ser era uma tocha viva de louvor a Cristo ressuscitado. Era Ele, e somente Ele, a única felicidade de suas vidas, e o objetivo da Igreja nada mais era do que tornar presente ao mundo e à história a Alegria de Cristo ressuscitado, em quem todas as coisas têm seu começo e seu fim". Não poderíamos definir melhor o nosso projeto!


Quando Cristo chama os seus primeiros discípulos, diz-lhes: "Vinde, e vede" (Jo. 1,35–42), e, por isso, constrói a missão sobre o primado da experiência. "Eles ficaram aquele dia com Ele” (Jo. 1,39). Só desta relação de intimidade com Cristo nasce o verdadeiro discípulo e a sua fecundidade apostólica. 

 

Numa época de grandes mudanças culturais, que soam o toque de morte das instituições e dos conhecimentos acadêmicos, parece-nos que a necessidade vital para um novo futuro da Igreja é reacender aquele "fogo" que Cristo veio trazer (Lc. 12,49) e enraizar-se na alegria entusiástica dos Atos dos Apóstolos.

O mundo aflito não espera por lições de catecismo, mas por este testemunho vivo. Isso não exclui ser competente, mas desta vez é sobre a competência do discípulo. É por isso que o aprendizado é essencial e os livros e materiais que oferecemos para ler e estudar em nosso programa são essenciais em todas as etapas do treinamento. No entanto, sua leitura ou seu estudo são estritamente inúteis se não alimentarem e estruturarem o caminho espiritual do buscador.

Não escolhemos aqui estudar teologia pura e simplesmente, mas entrar na vida em Cristo e numa conversão incessante a Ele. O discípulo é alguém que "entrou na alegria do seu Mestre" (Mt. 25,21) e que, portanto, toma os meios para o fazer: oração prolongada e meditação, Eucaristia e sacramentos, estudo assíduo das Escrituras e, sobretudo, o exercício do amor na vida cotidiana.
 

Só nestas condições é que a "Escola de Teologia" encontra o seu verdadeiro significado: colocar-se na escola de Cristo. Os estudos, enquanto tais, serão então apenas uma parte de toda uma vida de acordo com o Evangelho.

Neste percurso, na continuidade do caminho, quem se sente vocacionado, solteiro ou casado, é inserido nos estudos específicos para a vida consagrada. Dessa forma, damos continuidade à prática apostólica de enviar irmãos para realizarem um ministério especial servindo aos demais (Atos 6, 2-6). 

Caso o irmão desejar prosseguir no seu caminho vocacional de doação ao próximo, após a aprovação pela comunidade, pode ser admitido à consagração de sua vida, e posteriormente à recepção das Sagradas Ordens. E uma vez que qualquer consagração e ordenação exigem o consentimento da comunidade, em um determinado momento do ofício a congregação reunida proclama "Áxios!" (Ele é digno!), mostrando a sua aprovação.

Os estudos, bem como o acompanhamento vocacional, o acolhimento da consagração à vida religiosa (para os que assim desejarem), a admissão às Sagradas Ordens bem como a ordenação propriamente dita, ocorre de forma livre e consciente de seus compromissos com e para a comunidade. 

PROGRAMA DE ESTUDOS

Propedêutico

- Introdução à Ortodoxia

- Oração e Vida Espiritual

- Arte Sacra 

- O Credo

- Introdução à Filosofia

1ª Etapa

- História da Igreja

- Ortodoxia Ocidental

- Teologia Sacramental

- Patrística

- Bíblia

2ª Etapa

- Exegese​

- Dogmática

- Antropologia cristã

- Liturgia

- ​Ética

3ª Etapa

- Ecumenismo

- Eclesiologia

- Teologia Contemporânea

- Igreja no Brasil

- Igreja na Amazônia

Luzes borradas

QUEM FOI SÃO JOÃO, BISPO DE SAINT-DENIS?

Teólogo, orador, liturgo, e iconógrafo incomparável, São João de Saint-Denis [Eugraph Kovalevsky] não era, no entanto, aquilo a que normalmente se chama um autor, teólogo, ou mesmo um artista. Não era um mestre conferencista, muito menos um professor universitário, embora o Santo Sínodo de Moscou lhe tenha conferido, em 1952, o título de "Doutor em Teologia" pela sua obra em direito canônico. Nem gozava do silêncio e da ordem que por vezes se encontram no abrigo de um recinto e da regra do mosteiro.

Eugraph Kovalevsky foi o homem santo enviado por Deus para reanimar no Ocidente uma das suas muito antigas Igrejas locais, que tinha morrido lentamente no sufoco romano, a Igreja Ortodoxa da França, da qual São João de Xangai acompanhou, durante sete anos, o nascimento da primeira diocese.

Além disso, Eugraph Kovalevsky conseguiu o notável feito de levar a cabo e sintetizar liturgicamente quase um século de trabalho teórico e tentativas de restaurar o muito antigo Rito Ortodoxo Ocidental, o Rito da Gália, para o colocar no centro da vida do povo francês.

Cada dia um pouco mais sozinho diante da oposição eclesiástica e mergulhado no coração da agitação incessante de seu tempo, Eugraph Kovalevsky, que se tornou bispo João de Saint-Denis, desenhou, com um golpe profético, tão luminoso quanto deslumbrante, o que seria o renascimento do Cristianismo Ocidental, a primeira condição para o completo renascimento de seus povos.

"As profecias, estas penetrações na escuridão do pensamento divino, são algo que abre o sentido do que nos rodeia, no passado, no presente e no futuro. Elas podem fazer isso através de atos que são imagens, através de palavras simbólicas que também são imagens, e através de palavras diretas". O jovem Padre Eugraph disse estas palavras em sua homilia no quarto domingo do Advento, 4 de dezembro de 1938. Consideramos a obra missionária de Eugraph Kovalevsky como sendo, hoje precisamente, a marca de um profeta de Deus, de um homem cheio do Espírito Santo. 

Estes "atos", estas "palavras simbólicas", estas "palavras diretas", deixadas por São João de Saint-Denis, formam esta marca profética da qual nossa Escola de Teologia Ortodoxa, sob seu patrocínio, está tentando, hoje, fazer conhecida ao povo brasileiro.

Conheça mais sobre a vida e a obra de São João de Saint-Denis

Construindo os alicerces para uma vida plena, livre e feliz 

A Escola de Teologia Ortodoxa São João de Saint-Denis nasce no interior da Fraternidade Ortodoxa São Nicolau como uma necessidade de construirmos os alicerces para uma vida cristã plena, livre, madura e feliz. 

Conforme descreve o Padre Jean Seraphim: "Para nos aproximarmos de uma 'visão' completa das coisas e eventos, precisamos de uma perspectiva científica que explique seu 'como?'; do olhar filosófico que questiona seu 'por quê?'; e do olhar filocálico ou contemplativo que celebra sua 'presença'. Às vezes atordoado, míope, cego, nosso olhar é mais ou menos determinado por cada uma dessas disciplinas e condiciona o 'clima' em que vivemos. Podemos ir da ansiedade de existir para a gratidão de ser? Do medo de viver à alegria de estar vivo? Podemos passar das filosofias do absurdo e das desconfianças contemporâneas para uma 'filocalia' (amor pela beleza, em grego) ao mesmo tempo tradicional e futura, que ilumina nosso olhar sobre o mundo, não para fazermos do mundo um ídolo, mas um ícone?"

É esse 'amor pela beleza' que nos ajuda a construir os fundamentos para a vivermos os inúmeros desafios dos dias atuais, encará-los com fé movidos pela alegria de estarmos vivos. Esses fundamentos são construídos por meio da direção espiritual e teológica dos nossos irmãs e irmãs da Fraternidade que nos chama a ouvir a Fonte. 

Por meio da exegese, da filosofia, da antropologia, do estudo comparativo dos Evangelhos, a Palavra emerge, nos liberta e abre caminho para a transformação interior. 

A Escola oferece eixos de apropriação pessoal em forma de palestras, retiros, treinamentos, conferências, workshops, vivências, grupos de estudo, peregrinações, todos ligados aos ensinamentos fundamentais e consagrados do cristianismo e de toda a tradição ascética cristã, incluindo temas como ética, alteridade, arte iconográfica, canto sacro, interioridade, meditação, oração, ecumenismo e ecologia. 

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Espiritualidade Ortodoxa

Apresentar, conhecer e aprofundar os elementos fundamentais da espiritualidade cristã e da ortodoxia. 

Reunião de grupo
Filosofia
Filocalia

Estudo e debate sobre temas importantes da vida e que nos abrem caminhos para o autoconhecimento e à transformação interior.

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Cristianismo
 e Ecologia

A Amazônia e temas emergentes sobre meio ambiente, ecologia e o cuidado com a Criação. 

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Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso

Oração e ações coletivas visando a construção da paz, do respeito, do conhecimento e da unidade.

Para o ano de 2024
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“Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos.”

(Jo. 13,35)

Com base em nossas Dimensões Formativas (Dimensões Antropológico-Teológicas), os irmãos e irmãs vão construindo um caminho de intimidade com Deus, fortalecimento de sua fé e consagração de suas vidas inteiramente à vivência e ao anúncio do Evangelho. Este caminho é marcado por uma vida de oração (Sl. 37, 7), de comunidade (At 2, 42), de estudo (1Tm. 4, 15) e de apostolado (Jo. 13, 35), e conta com o acompanhamento de um Pai ou Mãe espiritual que terá por missão nutrir espiritualmente o irmão e a irmã, tomando cuidado da sua alma. 

Em nossa Fraternidade todas as pessoas têm espaço e nela são acolhidas, ouvidas, acompanhadas e incentivadas a desenvolver suas potencialidades, seus dons e seus projetos, iluminadas e conduzidas pelo Espírito de Deus. 

Sem críticas, preconceitos ou exigências, venha do jeito que você está!

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